Até meados de maio, 948 crianças de zero a nove anos morreram de covid no Brasil, segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe) compilados pelo Estadão. Sem políticas de proteção à infância, sem controle da pandemia e com escolas fechadas, o Brasil fica em segundo lugar no triste ranking de crianças vítimas da covid, atrás apenas do Peru.
Para a análise, foram considerados os países que registraram pelo menos mil mortes por milhão de habitantes e que possuem mais de 20 milhões de habitantes. Polônia e Ucrânia, que entrariam na lista, foram excluídas pela ausência de dados. O cálculo foi feito pelo Estadão com apoio de Leonardo Bastos, estatístico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nos países europeus, o cenário foi completamente diferente. O Reino Unido e a França registraram apenas quatro mortes de crianças de zero a nove anos, o que dá uma taxa de 0,5 morte por milhão em cada um dos países. No continente, o maior número foi registrado na Espanha. Lá, a cada um milhão de crianças, três morreram por covid — um décimo do índice brasileiro.
A maior parte das mortes aconteceu em maio do ano passado, quando 131 crianças de zero a nove anos perderam a vida para a covid-19 no Brasil. Em seguida, vem abril deste ano, com 99 óbitos. Os números de maio de 2021 ainda não estão consolidados. Os bebês de até dois anos foram as principais vítimas, correspondendo a 32,7% das mortes analisadas.