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Esporte ao ar livre: pandemia fez aumentar prática de ciclismo

Pedalar se tornou a primeira opção para quem quer praticar exercício físico com segurança e longe de aglomerações
Fonte: Tribuna de Minas
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Patrick voltou a pedalar e a competir em provas de ciclismo (Foto: arquivo pessoal)

 

 

Com academias e esportes coletivos paralisados durante a pandemia da Covid-19, as atividades individuais e ao ar livre aumentaram de 2020 para cá, dentre elas o ciclismo. Além de proporcionar benefícios à saúde, muitas pessoas encontraram no pedal uma forma de socialização em tempos onde o distanciamento é necessário. O que começou como uma atividade alternativa para enfrentar tempos tão difíceis, hoje faz parte da vida de muitas pessoas e tem movimentado, inclusive, o comércio da cidade.

A corretora de imóveis Tatiana Ferraz voltou a pedalar depois de 20 anos longe da bicicleta (Foto: arquivo pessoal)

A corretora de imóveis Tatiana Ferraz, de 42 anos, fez da pandemia o momento para se reencontrar com uma paixão antiga: a bicicleta. “Pratiquei o ciclismo dos meus 15 anos até os 20. Sempre gostei muito, mas depois de um tempo, com a rotina corrida, eu acabei abandonado o esporte. Fiquei mais de 20 anos sem praticar. O que começou como um hobby, acabou se tornando algo maior.”

Ao voltar a pedalar, Tatiana fez novas amizades e ingressou em um grupo chamado Nutellas do Pedal, com cerca de 20 pessoas que praticam o ciclismo todo fim de semana. “Os benefícios são incontáveis, só quem pedala sabe. A gente se conecta com a natureza, nos conectamos com nós mesmos, é ótimo. Agora que eu voltei, não paro mais.”

Patrick voltou a pedalar e a competir em provas de ciclismo (Foto: arquivo pessoal)

O mesmo aconteceu com Patrick Ribeiro, de 38 anos. Foi na época de criança que ele teve o primeiro contato com a bicicleta. “Sempre fui fascinado”, conta. Mas Patrick nunca encarou os pedais apenas como uma brincadeira. Ainda na infância, ele participou de campeonatos da categoria BMX infantil e infanto-juvenil. “Depois de um tempo, com o trabalho e a faculdade, foi ficando cada vez mais difícil incluir o ciclismo na minha rotina. Foi com a pandemia que eu retornei. Como eu consegui organizar mais os meus horários, hoje eu consigo pedalar de quatro a cinco vezes por semana e também retornei às competições. Participei, inclusive, do último Campeonato Brasileiro de XCM.”

Novatos

 

Enquanto para algumas pessoas, a pandemia serviu para reencontrar o ciclismo, para outras foi o momento de descobrir o esporte. É o caso da cabeleireira Patrícia Cajá, de 43 anos, que começou a pedalar recentemente e não quer mais abrir mão da prática esportiva. “No dia que eu não vou pedalar parece que falta alguma coisa”, afirma.

Com os amigos do grupo da bike, Patrícia e o marido foram de bicicleta até o Santuário de Aparecida (SP) (Foto: arquivo pessoal)

Em abril de 2020, ela comprou sua primeira bicicleta e descobriu nos pedais uma paixão. Patrícia conta que, antes da pandemia, em janeiro, o marido já tinha trago a ideia de começar a praticar o esporte, porém, na ocasião, ela não se animou. “Quando veio a pandemia e nós ficamos parados dentro de casa, eu disse: ‘a gente precisa comprar uma bike’. Hoje em dia, eu pratico mais do que ele, por conta do horário, eu tenho mais disponibilidade.”

Outra que descobriu o ciclismo na pandemia foi a funcionária pública Cristiane Araújo, 49, que também passou a integrar o grupo Entabike. Em abril de 2020, ela sentiu necessidade de continuar se exercitando de forma segura, já que o distanciamento social não permitia o funcionamento de academias. “Foi quando uma amiga me chamou para dar umas voltas de bicicleta. Como eu não tinha, optei por alugar um pacote de horas em uma loja especializada. A partir daí, em muito pouco tempo, decidi comprar minha bike e adquirir os equipamentos necessários para a prática com total segurança.”

Cristiane, que já enquadrou o ciclismo na rotina do dia a dia, é adepta do mountain bike, mais indicado para estradas de terra. Porém, até chegar ao trajeto estipulado, ela percorre bairros da cidade e até rodovias estaduais. “Juiz de Fora deixa muito a desejar para a segurança dos ciclistas. Não existe ciclovia ou ciclofaixa, exceto no campus da UFJF. Com isso, temos que dividir a rua com os demais veículos. E, ao contrário do que muitos motoristas acreditam, segundo o Código de Trânsito Brasileiro, os ciclistas têm direito e devem ocupar as mesmas vias dos veículos motorizados.”

Ciclismo em fase de planejamento

 

A Secretaria de Esporte e Lazer da Prefeitura de Juiz de Fora (SEL-PJF) admite que o Poder Público está ciente da demanda dos ciclistas da cidade e informa que vem estruturando planos para suprir a carência de políticas públicas nesse âmbito. Segundo o gerente do Departamento de Práticas Esportivas de Participação e Rendimento da SEL, Fernando Seixas de Carvalho, com o projeto “Pelada JF” a Administração tem procurado discutir temas importantes e realizar projeções em parceria com associações de ciclistas na cidade.

A funcionária pública Cristiane Araújo descobriu na pandemia o prazer de pedalar em meio à natureza (Foto: arquivo pessoal)

Em união com outras secretarias, como a de Mobilidade Urbana (SMU), de Planejamento e Gestão (Sepur), foram traçados planos a curto, médio e longo prazo, que serão desenvolvidos no decorrer de três anos. “Dentre os planos de médio e longo prazo está a construção de uma ciclovia em Juiz de Fora, que já é uma demanda antiga. Nós temos noção da necessidade de uma ciclovia na cidade, não apenas para os ciclistas que praticam o esporte, mas para toda a população que usa a bicicleta como meio de transporte.” Fernando afirma que ainda não há uma data para o início das construções, mas que a meta é que comece assim que o projeto for aprovado.

Até então, o projeto Pedala JF já realizou três reuniões. “Tratamos dos eventos de ciclismo na cidade e pensamos em um calendário (de eventos) que será lançado para 2022. Estamos trabalhando o ciclismo integrado ao turismo de Juiz de Fora”, afirma Fernando.

Aumento também nas vendas

O aumento do número de ciclistas durante a pandemia não é uma realidade só de Juiz de Fora, mas, sim, de todo o Brasil. A adesão ao esporte fez com que 2020 fosse um ano próspero para o comércio de bicicletas no país, e os indicativos mostram que o cenário favorável continuou em 2021. Segundo a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), neste ano, o país registrou média de 34,17% de aumento nas vendas das bikes em comparação ao mesmo período do ano anterior. A pesquisa ouviu 180 lojistas de 20 estados diferentes, e com portes distintos.

De acordo com o levantamento, o pico das vendas ocorreu no primeiro trimestre de 2021, em que o aumento registrado foi de 52% em relação a 2020. Porém, é importante pontuar que, no primeiro semestre do ano passado, o mercado de bicicletas foi bastante impactado por conta do fechamento das lojas nos meses de março e abril, pelo consumo represado das famílias e também pelo fechamento de fábricas na Ásia. Contudo, o mercado começou a se recuperar a partir de maio de 2020, tendo um pico de aumento nas vendas em julho do ano passado, com um crescimento de 118% sobre 2019.

Em Juiz de Fora, o cenário não foi diferente. Como conta Angelo Carpanez, proprietário da loja PedBike, no Bairro São Pedro, as vendas de bicicletas e artigos para ciclismo aumentaram em média 80% em relação ao período antes da pandemia. “Mas nos últimos três meses temos notado uma certa estabilização. Observamos uma queda de 30% na procura”, afirma Angelo.

Para ele, isso ocorre porque muitas pessoas que começaram a praticar o ciclismo durante a pandemia, com a abertura das academias e outras atividades, não deram seguimento ao esporte. “Posso dizer que de todos que começaram no ano passado, só uns 30% continuam firmes. Naquela época, as vendas foram tantas que tivemos fila na porta. O serviço de locação de bike também aumentou muito. Agora já caminhamos para uma certa estabilização.”

No caso da loja Pina Bike, no Bairro São Mateus, o aumento também foi intenso nos primeiros meses da pandemia. Conforme diz o proprietário da loja, Fabiano Valle, a procura foi constante a partir de abril. “Nossa venda aumentou mais de 100% em relação ao que a gente vendia antes da pandemia. E se não fosse por conta da falta de mercadoria, teríamos vendido até mais.” De acordo com ele, o perfil do comprador nesse período era quase todo de pessoas que estavam começando recentemente no ciclismo. “Como eram pessoas que não tinham contato com a bicicleta ainda, as compras foram de aparelhos mais iniciais, aparelhos de segurança e a própria bike.”

Atualmente, as vendas apresentaram redução, o que, segundo ele, ocorre por conta da crise econômica instalada no Brasil. “Durante a pandemia, muitas pessoas perderam o emprego e estão sem condições de gastar. Então, as consequências dessa crise nós estamos sentindo agora.”

 

 

 

 

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