Já está valendo o aumento no preço do botijão do gás de cozinha em Belo Horizonte, que subiu 5,9 % nas distribuidoras, de acordo com anúncio feito pela Petrobrás. Até o fim do ano, o valor do botijão de 13 kg, o mais comum usado nas casas brasileiras, pode chegar a R$ 200.
A agente comunitária de saúde Michele Soares está mudando o cardápio para dar cona de pagar o gás. “Está muito caro. Está caro demais. Vou comer menos feijão para não gastar o gás cozinhando com ele”, revela.
A dona de casa Alessandra Soares também está buscando outros meios para tentar economizar o gás. “Está muito caro. Estou usando mais o microondas, o forno elétrico e o ebulidor. Mesmo assim, está ficando caro”, explica.
Outro grupo que também está sentindo esse aumento é o formado por donos de restaurantes. O empresário Renato José, dono do restaurante Kilo Quente, localizado no bairro Lagoinha, na região Noroeste de Belo Horizonte, diz não ter visto nada igual. “Já tem 27 anos que estou aqui e nunca vi a situação apertada como está. Está muito apertado. A gente não sabe nem como economizar mais”, lamenta.
O presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito do Petróleo (Asmirg), Alexandre Borjaili, explica o quanto é esse aumento na prática e quais fatores colaboram para esse salto no preço.
“Esse é o quinto aumento só neste ano. A Petrobras está aumentando em R$ 2,50 o equivalente a um botijão de 13 kg. Paralelamente, as companhias e distribuidoras estão aumentando em R$ 1,50 em função do ajuste de custo operacional. Então, a soma destes dois nos dá um aumento real, hoje, ao consumidor de R$ 4. Além disso, vem os aumentos do ICMS, que são impostos estaduais”, esclarece.
Alexandre Borjaili fala ainda sobre uma suposta ilusão em relação aos preços adicionais no gás: “Uma questão muito divulgada pelos nossos governos é que acabando com o imposto vai reduzir o preço do gás. Não acreditamos. O governo federal tirou a alíquota de PIS e Cofins e nenhum centavo chegou ao consumidor. O produtor hoje extorque a nação, vendendo um produto por um preço extremamente abusivo”.
O presidente da Asmirg fala sobre novos aumentos até o fim do ano. “As revendas estão fechando em praticamente quase todos os Estados do Brasil. Mantemos a nossa previsão do gás chegar até o fim do ano entre R$ 150 a R$ 200. É o que estamos vendo. Não há governo ou agência de defesa do consumidor preocupados e empenhados em monitorar, reduzir ou estancar esse caos que gerou dentro do setor do gás de cozinha”, lamenta.