A indústria da panificação gera cerca de 40 mil empregos diretos em Belo Horizonte. Vinte e um deles são funcionários de Vicente Castro, 63 anos, dono de duas padarias: uma na Rua da Bahia e outra na rua dos Timbiras, ambas na região central de BH. A estabilidade do comércio está ameaçada pelo aumento na conta de energia. Antes na casa de R$ 1.500, agora a tarifa soma R$ 2300, mais de 50% de aumento.
Presidente da Associação Mineira da Indústria da Panificação, Vinícius Dantas, dono de sete padarias, pontua em quê a energia elétrica é essencial para o setor. Dantas analisa que a alta nos custos, com energia e outros produtos atingidos pela inflação, dificulta até o pagamento de um salário melhor para os funcionários.
“A primeira coisa é o pão quente. Quando o cliente encontra o produto nessa condição nós percebemos até uma mudança na fisionomia dele. Quando ele passa pela geladeira, ele quer levar um refrigerante gelado, né? Uma cerveja mais gelada… Na sua passagem pela padaria, se o clima for melhor do que o clima externo, isso garante mais tempo de compra, ou seja, se a gente tiver ali um ar condicionado, um climatizador, tudo isso ajuda. E tudo isso gasta energia, que está mais cara pra todo mundo. E o calor atual termina por obrigar um consumo maior de energia para criarmos um ambiente propício de compras pro cliente. Essas bandeiras tarifárias que vêm aumentando nas últimas semanas… A gente está num patamar onde a gente nunca chegou em preços cobrados dos consumidores”, dispara.