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Região de Viçosa vive seca histórica

Viçosa está abaixo da média observada entre 1971 e 2020
Fonte: Universidade Federal de Viçosa
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Foto: Reprodução

 

 

O setor de meteorologia do Departamento de Engenharia Agrícola (DEA) está monitorando as condições do clima diariamente para ajudar a Diretoria de Meio Ambiente (DMU) a planejar ações que impeçam crises no abastecimento de água no campus e no município de Viçosa. A análise dos dados climáticos, feita pelo setor, já alerta que, em 2021, as chuvas estão abaixo da média observada nos últimos 50 anos na região e a seca intensa deve piorar até setembro. Ao analisar o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado esta semana pela Organização das Nações Unidas (ONU), os especialistas da UFV também preveem que a seca observada nos últimos anos será a norma daqui para frente. O objetivo agora, segundo a DMU, é dar início a um plano de adaptação da UFV às irrefutáveis mudanças no clima.

O trabalho de avaliação dos dados climáticos é coordenado pela professora do DEA Gabrielle Pires e pelo climatologista Alcimoni Comin, que monitora os dados da Estação Meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), instalada no campus da UFV. Eles explicam que, desde março, a precipitação em Viçosa está abaixo da média observada entre 1971 e 2020. A precipitação média no período compreendido entre março e julho é de 272,15 mm, enquanto o acumulado para esses meses, em 2021, foi de cerca de 185 mm, ou seja, 87,15 mm abaixo do esperado ou uma redução de 32% na quantidade de chuvas.

Entre julho e setembro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prevê precipitação entre 25-50 mm, que pode ser 60% menor que a média climatológica para o mesmo período em anos interiores. A média histórica ou climatológica, segundo a professora Gabrielle, é definida pela comparação de todos os meses dos últimos 50 anos e gera uma expectativa da quantidade de chuva para os mesmos períodos. “Além dos registros no campus Viçosa, temos os padrões regionais e nacionais e o que temos observado é preocupante”, disse ela.

Ações de enfrentamento

No entanto, por enquanto, a seca histórica na região não deve gerar crise de desabastecimento no campus. A ausência dos estudantes durante a pandemia reduziu o consumo de água em cerca de 40% e a UFV está implementado ações para o gerenciamento sustentável e racional dos recursos hídricos. Segundo o diretor de Meio Ambiente da UFV, Ulisses Comini, além de monitorar a oferta de água disponível para o campus, a Divisão de Água e Esgoto (DAG) e o Serviço de Instalações Hidrossanitárias (SIH) têm concentrado esforços no monitoramento da rede de água para identificação precoce e conserto de vazamentos. A iniciativa já promoveu economia média de 207 m3 por dia no mês de junho, o que representa uma redução de 27% no consumo de água na Universidade. A DAG também está avançando no acompanhamento do consumo com a previsão da instalação de mais de 200 hidrômetros no campus, dos quais 51 já estão em operação. Em breve, a Diretoria de Meio Ambiente também pretende disponibilizar dados do uso da água em um portal de acesso público para facilitar a governança do sistema hídrico em toda a região.

“Precisamos estar atentos à oferta e ao consumo, mas também à qualidade da água em épocas de seca. Monitoramos com muita atenção a água captada nas lagoas da UFV para definir os parâmetros de tratamento para fornecer água com qualidade”, afirmou Ulisses. Ele esclarece, ainda, que observar e atuar na melhoria das condições do uso do solo e no tratamento dos esgotos lançados na bacia do Ribeirão São Bartolomeu é fundamental para garantir o abastecimento da cidade e da Universidade.

Mudanças no clima

Ainda segundo a professora Gabrielle Pires, as mudanças no clima global irão provocar eventos climáticos extremos com cada vez mais frequência. “Este ano, por exemplo, estamos observando seca intensa no sudeste e centro sul, chuvas excessivas no norte do Brasil, calor extremo no hemisfério norte e até recordes de temperatura na região gelada da Sibéria”. Gabrielle também lembra que a seca deste ano tem outras consequências além da crise hídrica, como a crise energética e as quebras de safra de alimentos que geram inflação e carestia. “As mudanças no clima já são uma realidade global que nos afetam de muitas formas e precisamos nos preparar para este enfrentamento”, disse a professora.

 

 

 

 

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