Transportadores de combustíveis e revendedores de gás rebatem a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à rádio Itatiaia sobre a alta da gasolina e do gás de cozinha. Nessa terça-feira (20), Bolsonaro disse que não tem imposto federal no preço dos combustíveis e culpou o ICMS e o lucro do revendedor pela disparada dos valores.
“A lei do gás foi aprovada e cadê a redução de 50% ministro Paulo Guedes?”, questiona. “Falar que o valor do gás é por causa do ICMS… vamos deixar claro: o gás nunca teve valor tão absurdo, nem os combustíveis. Se estão (caros), é no governo atual. Então, há responsabilidade, sim, desse governo por tudo que está acontecendo hoje”.
Para Borjaili, além de mentir, Bolsonaro desconhece dados da própria Agência Nacional do Petróleo. “Em 2016, presidente Jair Bolsonaro, a Petrobras vendia o gás a R$ 11,67. O ICMS era R$ 6,70, porque ele é calculado em cima do preço de venda final. No caso de Minas Gerais, o preço de média era R$ 41. Em 2016, o gás subiu, foi para R$ 13,40, o ICMS se manteve a R$ 6,70 e o preço médio estava girando em torno de R$ 55,57”, detalhou.
Borjaili ainda disse que a venda da Liquigás, concluída no final de 2020, contribuiu para a formação de um cartel. “É dessa forma que funciona o cartel, que foi presenteado pelo governo federal com a venda da Liquigás. E não foi por falta de aviso. Estive, inclusive, com o secretário Salim Mattar pessoalmente e falei que o que eles estavam fazendo era loucura. Estão pegando a maior empresa distribuidora do Brasil e entregando para o cartel do gás. Não somos contra a privatização, somos contra o fortalecimento do cartel”.
Combustíveis
O presidente do Sindtanque-MG, Irani Gomes, também rebateu a informação de Bolsonaro sobre o impacto do transporte do combustível no aumento final da gasolina, do diesel e do etanol. Bolsonaro disse que o transporte é um monopólio que rende muito dinheiro.
“Nosso transporte hoje está defasado. As empresas estão pagando para trabalhar. Queremos pedir, sim, encarecidamente, que o governo venha sentar com a gente e vamos abrir todas as planilhas das distribuidoras e trazer a realidade para a sociedade para onde está indo o dinheiro”, diz Irani, que cita déficit de 20% no frete.
“Tivemos mais de 70% de reajuste em insumos. Um caminhão que custava R$ 380 mil hoje custa R$ 700 mil”, destaca Gomes, que cita ainda o pagamento de licenças como outro problema. “É um abuso. Tem licença que custa mais de R$ 10 mil”. Irani diz ainda que a categoria está em estado de greve e pode cruzar os braços a qualquer momento.
Com relação aos preços dos combustíveis, a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais informa, por meio de nota, que um estudo divulgado pela Petrobras aponta que o ICMS corresponde a 14,3% do valor do gás de cozinha e a 27,7% no preço final da gasolina. A pasta afirma ainda que entre 2018 e 2021 os estados mantiveram as alíquotas de ICMS sobre os combustíveis.