O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária mineira deve alcançar, em 2021, o recorde de R$ 100,6 bilhões, registrando crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior. O indicador representa uma estimativa da geração de renda no meio rural e seu cálculo é feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
Mais da metade do faturamento mineiro (62%) veio das lavouras. O segmento deve alcançar R$ 62,7 bilhões. Segundo a assessora técnica da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Creuma Viana, ao contrário do que ocorreu em 2020, em que o crescimento foi impulsionado pelo desempenho das lavouras, neste ano o VBP será impulsionado pela atividade pecuária. “Enquanto a lavoura vai apresentar uma ligeira queda de 0,2%, a pecuária tem previsão de ampliar de 5,1%, devendo alcançar R$ 37,9 bilhões”, explica.
Lavouras
Um dos fatores que explica a redução no desempenho do segmento das lavouras é a queda na produção de café. “Nesta safra, Minas Gerais deve produzir entre 19,8 e 22,1 milhões de sacas. Essa estimativa aponta uma redução de, aproximadamente, 43% em relação ao último ano, devido aos problemas climáticos enfrentados nas principais regiões produtoras e, também, à bienalidade negativa, que é uma característica do café de alternar safras positivas com outras mais baixas”, analisa a assessora técnica da Seapa.
Com essa queda na produção cafeeira, a soja assume lugar de destaque no segmento lavoura, representando 30% do faturamento agrícola mineiro. A receita deve alcançar R$ 18,7 bilhões, com crescimento de 34% em relação ao ano passado. Segundo a Conab, a produção estimada de 6,7 milhões de toneladas indica crescimento 8,7% em relação à safra anterior.
Além da soja, também é estimado crescimento do VBP para os seguintes produtos agrícolas: milho (20%), batata-inglesa (34%), banana (24%), tomate (29%), mandioca (7%), amendoim (16%) e arroz (13%). Estes resultados positivos do VBP se devem tanto à estimativa de aumento da produção quanto aos preços praticados no mercado.
Pecuária
O aumento da participação do segmento pecuário no VBP é puxado pelo bom desempenho da carne bovina e do leite, que mantêm os preços firmes neste início de ano. Juntos, eles representam quase 71% do VBP da pecuária.
O faturamento bruto da carne bovina deve alcançar R$ 12,6 bilhões em 2021, registrando crescimento de 8% em relação ao ano anterior. De acordo com Creuma Viana, no ano passado a demanda doméstica e as exportações seguiram em alta e os preços continuam elevados. “Em janeiro de 2021, a média mensal de preços da arroba alcançou R$ 289,01, com alta de 49,7% comparado a janeiro de 2020, e de 8,6% na comparação com a média de dezembro de 2020”.
Com crescimento de 7% em relação ao ano anterior, a renda com a produção de leite vai alcançar R$ 14,2 bilhões. A baixa disponibilidade do alimento nos primeiros meses do ano, atrelado ao alto custo de produção, deve manter os preços aquecidos no primeiro trimestre de 2021.
O frango também apresenta estimativa de crescimento, com perspectiva de alcançar R$ 6,4 bilhões em 2021. Para os demais produtos do segmento da pecuária, a estimativa é de queda para ovos (10%) e suínos (1%).